Monique Edelstein
Fazia todo sentido ficar sozinha.
Poder não falar, poder não responder,
poder não manifestar, poder ficar quieta.
Ainda faz, ainda me agrada a
possibilidade do silencio, da contemplação, do simples estar sem explicar.
Por muitas vezes o sentir é
inexplicável, por muitas vezes o sentir é tão sentir que não ha palavras que
traduzam o que caminha pelo peito, o que entra na alma e fala com o coração.
Ter que explicar sufoca quase
todo sentir, ter que explicar elimina a simplicidade de sentir em cor, em tom,
em vibração, em onda.
Fazia todo sentido estar só,
porque ter que explicar quebrava a conexão fluida que se manifestava.
Fazia absoluto sentido estar só,
porque eram necessárias palavras que traduzissem o intraduzível. As palavras
deste plano não oferecem a imensidão de cores que os sentimentos despertam.
As explicações da mente não
alcançam a profundidade que a alma quer revelar. A alma é profunda, a alma é
densa, a alma é atemporal e carrega em si tudo que ja sentiu, tudo que ja amou,
tudo que ja doeu, tudo que ja aprendeu, tudo que ja foi e até quem sabe uma
trilha do que será.
Fazia todo sentido querer voar
solo, porque o peso de carregar o outro é por demais frustrante já que não
acrescenta ao voo, apenas faz peso. Fazia todo sentido navegar solo, porque ser
invisível não é nem para o vento.
Fazia sentido estar só, porque
estar só era mais completo, era mais pleno, oferecia mais respostas.
Quando se cresce só, quando se
aprende a viver por si, quando se descobre não precisando que mais ninguém resolva
seus problemas, quando um ser cresce precisando achar ele as respostas, a
descobrir sozinho o caminho de saída do labirinto, fica fácil achar que o
Minotauro é apenas um mito que pode ser derrotado, sozinho é claro.
E então, um dia, assim, sem mais,
um silencio aparece ao seu lado, e te mostra que dois silêncios podem
coexistir, podem caminhar paralelos, podem emprestar cores, dividir
frequências. Não precisam se misturar necessariamente, mas é gostoso ter um
silencio ao lado do seu. É doce.
Não o silencio que oprime, mas o
silencio que compreende, o silencio que contempla, um silencio que acolhe, um
silencio diferente do seu, com outro cheiro, com outra musica. São cores que
andam ao seu lado e que de alguma forma, suportam o seu silencio.
Um silencio que assegura o seu,
um silencio que não cobra palavras, não cobra o tangível, ele só esta lá,
porque achou um silencio onde pode existir sem se perturbar. Em companhia de
outro silencio, onde almas conversam em outro plano sem palavras.
E destes silêncios
paralelos, brota um conforto, um
sentimento de afinidade, uma sensação de não separação, onde as poucas e pobres
palavras não tem importância, não tem necessidade.
Brota paz, brota serenidade.
Brota um cheiro de que o caminho é este.
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